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ONILDO ALMEIDA, O CANTOR DA FEIRA DE CARUARU

  • Foto do escritor: ccaroaportal
    ccaroaportal
  • 19 de out. de 2022
  • 6 min de leitura

Atualizado: 23 de out. de 2022

Em entrevista, Onildo Almeida fala sobre sua carreira e como Caruaru o inspira em suas obras


Por Alice França, Ana Clara Pinheiro, Helder Henfil, Manoel Gonzalles e Stefany Santos


Onildo Almeida - Foto: Helder Henfil

O cantor e compositor caruaruense Onildo Almeida frequentava a feira com seus pais nos finais de semana e, ao observar a variedade de coisas que eram vendidas, despertou a sua curiosidade e o inspirou a criar a música. A música, que foi eternizada na voz de Luiz Gonzaga, trouxe destaque para o nome de Onildo Almeida e também para a cidade, que hoje é reconhecida como a capital do forró. A composição de Onildo completou, neste ano, 65 anos e continua atual. A letra diz: “A Feira de Caruaru, faz gosto a gente vê, de tudo que há no mundo, nela tem pra vender”. Patrimônio Imaterial da cidade, a feira continua movimentando a economia e a cultura de Caruaru, que tem em Onildo um de seus grandes expoentes.


Onildo Almeida nasceu em 13 de agosto de 1928 e na sua família a influência musical sempre esteve muito presente. Duas de suas irmãs eram pianistas e seu pai, apesar de comerciante, tocava instrumentos como violino e bandolim. O início de sua trajetória como músico se deu no momento em que ele passou a fazer parte de um quarteto vocal chamado Vocalistas Tropicais, criado por volta de 1950 com seus amigos Luiz Queiroga, Paulo Soares e José Bezerra. Esse grupo se apresentava tanto em Caruaru quanto em outras cidades como Campina Grande e Recife e foi, a partir daí, que Onildo começou a crescer na sua carreira de cantor e compositor, passando a ser reconhecido pelo povo.


"O artista nasce da opinião pública. Quando ele tem essa opinião a seu favor, as coisas são mais fáceis", ressalta Onildo Almeida.

Quando a Rádio Difusora, primeira emissora de rádio de Caruaru, foi inaugurada em 1951, Onildo e seu grupo foram os primeiros a serem contratados, justamente por já serem conhecidos pelo seu trabalho na região. Ele começou como operador de áudio e depois cresceu em outras funções, como locutor e radialista. Posteriormente, ainda na década de 50, assumiu o comando dos dois principais programas de auditório da emissora. Às quintas-feiras, ele apresentava o programa "Vesperal das quintas” e, aos domingos, o programa "Expresso da Alegria”.


"Dentro da rádio fiz de tudo, até passar a ser dono da Rádio Cultura", conta Onildo.

Em 1964, Onildo Almeida e seu irmão José Almeida compraram a rádio Cultura, uma das emissoras líderes de audiência na região, por atuar principalmente levando em conta a opinião pública, transmitindo programas e caravanas de sucesso que estavam a todo momento dialogando com o povo. O pesquisador e músico Luiz Ribeiro considera Onildo importante não só para o desenvolvimento da radiodifusão no interior do estado como também o pioneirismo dos irmãos Almeida, frente à disseminação da cultura e da música caruaruense dentro da indústria fonográfica.


Foi na rádio também que o nome de Onildo começou a crescer e o seu trabalho começou a ser reconhecido por outros artistas que fizeram parceria com ele. Suas obras foram gravadas por figuras dos diversos segmentos musicais e ele esteve o tempo todo "flertando" com artistas da MPB como Maysa e Agostinho dos Santos, que gravaram a canção "Meu Castigo", em 1958, Chico Buarque, que gravou a música "Morena Bela", em 2006, e Gilberto Gil, que gravou "Sai do Sereno" nos anos 70.


Confira a playlist com composições de Onildo que foram gravadas: https://open.spotify.com/playlist/4sw2C3rdhyFdpxL7psHmCw?si=nCa01pv3RNWYcI30Pgak1g


Além disso, muitas das suas composições também foram eternizadas na voz de grandes artistas da música nordestina, como Marinês, que gravou "Marinheiro", "Cantiga de Viola", entre muitas outras, e o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, um dos principais parceiros musicais de Onildo. O artista caruaruense escreveu importantíssimas obras que fizeram parte da trajetória de Luiz Gonzaga. Dentre elas, a música "A Feira de Caruaru", que foi gravada em 1957 em um disco que em menos de dois meses alcançou um número de 100 mil cópias vendidas.


"A música leva você além, leva o seu nome a qualquer parte do mundo, às vezes, sem você saber", cita Onildo.


Através das personalidades que gravaram suas obras, Onildo liderou sucessos que saíram de Pernambuco e levaram seu nome para São Paulo, Rio de Janeiro e até para o exterior. Ele ainda mediou a participação de vários outros artistas do forró, como Camarão e Wilson Silva com a Rádio CBS (RJ). Além de compositor e poeta, produziu a coletânea "Caruaru que todos cantam" em 1992, que contou com a participação de Jorge de Altinho, Mestre Clóvis Pereira, Israel Filho e vários outros nomes. Nessa coletânea, muitos sucessos sobre a cultura de Caruaru foram ressaltados e isso demonstra, sobretudo, a busca de Onildo para colocar o forró e a cultura da sua cidade natal em evidência.


"A solidificação de Caruaru como capital do forró tem uma participação muito importante de Onildo. Muito mais que compositor e cantor, ele é um participante comunicacional ativo da cidade, que teve o papel de elevar Caruaru a uma cena musical do forró e outros ritmos", afirma Luiz Ribeiro.


Todo o trabalho produzido por Onildo não para por aí. Por causa de sua inquietude e interesse por buscar coisas novas, ele foi além e produziu, em 1987, o álbum "Forrock", que resgatou muitos de seus sucessos produzidos antes e trouxe uma música em especial em que ele fez uma mistura entre o compasso do rock e do baião. Como homenagem ao seu trabalho, Onildo, recebeu da Faculdade Asces-Unita de Caruaru, um documentário sobre a sua vida e obra, intitulado de "Groove Man", produzido pelos diretores Cláudio Bezerra e Hélder Lopes em 2016.


Fruto da sua trajetória, também foi reconhecido como Patrimônio Vivo de Caruaru e recebeu o Título de Doutor Honoris Causa da UFPE, no ano de 2021. Onildo Almeida, em 13 de agosto desse ano, completou 94 anos e mesmo já estando aposentado continua contribuindo significativamente para a disseminação da cultura caruaruense. Ao mesmo tempo em que, ainda se faz presente nos projetos e programas da Rádio Cultura, ao qual ele tomou frente em 1964 com o seu irmão, José Almeida.



"FAÇA UMA MÚSICA QUE EU VOU DEIXAR DE CANTAR"

Esse foi o pedido de Luiz Gonzaga para Onildo, que escreveu "A Hora do Adeus"

Onildo Almeida e Luiz Gonzaga - Foto: Divulgação

Segundo Onildo Almeida, certo dia, Luiz Gonzaga chegou a sua casa alegando que pretendia pôr fim à sua carreira por causa do crescimento de outros movimentos musicais, como a Bossa Nova e a MPB. O forró não contava com o sucesso de antes e, assim, pediu ao compositor que escrevesse a última canção de sua carreira. De início, Onildo Almeida se negou a fazer o trabalho, mas, após uma ida ao Rio de Janeiro, ele compôs "A hora do Adeus" ao lado do compositor e radialista Luiz Queiroga, e, posteriormente, a entregou ao Rei do Baião, que de imediato se surpreendeu com a letra e não hesitou em gravá-la no seu LP de 1967, período antecessor ao momento em que ele se afastou temporariamente do cenário musical.

Apesar de ter sido uma das canções mais marcantes de Luiz Gonzaga, a música não atingiu o sucesso esperado por ele e por causa disso o cantor pensou na possibilidade de regravar a obra, que, segundo Onildo, teve um lançamento errado. Após o relançamento, foram vendidos cerca de 800 mil discos. Posteriormente, a composição foi gravada pelo Grupo Falamansa e vendeu cerca de 1,5 milhão de discos na época, o que tornou a música ainda mais popular no cenário musical brasileiro.


A parceria de Onildo e o Rei do Baião já tinha rendido ótimos frutos. Onildo Almeida viu o seu nome crescer após Luiz Gonzaga gravar a canção "A Feira de Caruaru" em 1957, música que foi um grande sucesso na época e fez com que Luiz conseguisse o primeiro disco de ouro da sua carreira. Assim, nasceu uma emblemática parceria entre o Rei do Baião e Onildo. A partir daí, Gonzagão gravou muitas músicas do compositor e cantor caruaruense. Com destaque para "Capital do agreste", composição feita ao lado do poeta Nelson Barbalho em homenagem a Caruaru e "A hora do adeus", obra que marcou o fim da carreira de Luiz Gonzaga.


"Se você faz uma música boa e encontra alguém que a apoie, o sucesso flui", destaca Onildo Almeida sobre a parceria com Luiz Gonzaga.





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