VIAGEM PELA TRAJETÓRIA MUSICAL DE AZULÃO E AZULINHO
- ccaroaportal
- 19 de out. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 29 de out. de 2022
Alexandre Farias (Azulinho) conta a história de sua carreira musical e também a de seu pai, Francisco Bezerra de Lima (Azulão).

Azulinho diz que, para ele, Azulão, além de pai, é uma das maiores referências na música. Não só na música caruaruense, mas na música brasileira. Francisco Bezerra de Lima, conhecido como Azulão, nasceu no dia 3 de junho de 1942, e é conhecido como um grande artista, pessoa e personalidade de Caruaru, recebendo o título de Patrimônio Vivo de Caruaru em 2019.
O dom de Azulão para a música foi descoberto quando ainda era uma criança, entre seus nove e dez anos de idade. Ele vendia picolé nas feiras de Caruaru e região. Por ser extrovertido e gostar de cantar, se destacava. Foi quando descobriu seu gosto pela música. Eventualmente, apresentava-se no programa de calouros da Rádio Difusora, em 1952, e, por sempre se vestir com roupas azuis, o radialistas caruaruense, Arlindo Silva, o apelidou de “Azulão", que com o passar do tempo também passou a ser associado ao pássaro Azulão e seu canto. Como cantor e compositor, se inspirava em Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.
Em 1965, Azulão já era uma figura conhecida por ter a sua voz em coletâneas. Nessa época, um compacto duplo, parceria com Camarão, trazia “Olhei o meu amor", música que era muito pedida pelo público em shows. Também, já tinha composições gravadas por gente importante como Marinês, Jacinto Silva, Messias Holanda, entre outros. O primeiro LP viria, em 1975, com Eu não socorro não. Após o seu primeiro disco de sucesso, Azulão gravou outros dez álbuns, sendo eles: Azulão (1976); Tempero de Caboclo (1977); O baque da Cancela (1978); Vaqueiro Varão (1979); Confissão de um Nordestino (1980); Tô Voltando (1989); Caruaru do Meu Tempo (1993); Orgulho do Meu Sertão (1993); Dona Tereza Arrependida (1993) e Solte o Azulão (2006). Paralelamente, outros artistas também gravaram composições de Azulão como Genival Lacerda, Trio Nordestino e Os Três do Nordeste são exemplos.
“Eu já estou maduro, senhor Luiz?”

Em 1979, Azulão escreveu a música “Vaqueiro Varão”. Posteriormente, a mostrou para Luiz Gonzaga e o artista disse que Azulão ainda não estava maduro para a música. Dez anos depois, em 1989, o artista foi convocado para homenagear Luiz Gonzaga. Azulão já era conhecido e, após sair do palco, Gonzaga disse que cantava muito bem, e Azulão perguntou: “Eu já estou maduro, senhor Luiz?”.
O respaldo de Luiz Gonzaga foi muito importante para Azulão, que se inspirava no trabalho do Rei do Baião para criar suas músicas, que são voltadas para o cotidiano, o sertão, as flores e as mulheres da sua vida. Músicas como Dona Tereza Arrependida (1993) e músicas inspiradas em sua esposa, Maria, como Rosa Mulher (1975) e Eu e a Saudade (1977). Em 1995, teve destaque com a música “A Rua Preta”, que foi regravada e colocada no álbum Azulão Canta e Encanta Caruaru com seus Maiores Sucessos, lançado em 2021.
O forró é um ritmo musical muito importante para Azulão e isso fez com que fosse uma presença constante e obrigatória nas festas de São João, fazendo surgir o ditado que “Um São João sem Azulão, não é São João”. No dia 25 de junho de 2022, o artista realizou sua última apresentação no palco Azulão ao lado de artistas que o homenagearam. Dentre esses artistas, estavam Ortinho e Junio Barreto. Junio afirma ter um carinho por Azulão. “Um dos maiores engenheiros da música desse ritmo, o coco caruaruense. Eu adoro Azulão”, comenta. Seu filho diz que durante o percurso de sua casa até o local do último show, Azulão menciona que é como se um filme passasse em sua cabeça, por causa dos 60 anos de um trabalho artístico que fez parte da história do início do São João que, antigamente, era uma festa que acontecia apenas nos bairros, mas que, com o passar do tempo, tomou uma proporção maior. Durante o show, o artista divertiu-se com a energia e contou com a ajuda do seu filho, Azulinho, para realizar a apresentação. Em diversos momentos, emocionou-se com a homenagem prestada e o carinho do público. Para o filho, essa homenagem, no entanto, precisa ser expandida.
“Não nasce outro Azulão igual ao Azulão de Caruaru"
Azulinho considera que o pai deveria ter recebido o título de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, além do título de Patrimônio Vivo de Caruaru. Desde 2007, são feitas tentativas para que ele receba tal reconhecimento. “Ele é o patrimônio do Estado, mas não é reconhecido", diz Azulinho. Ele fala que Azulão brinca com a situação dizendo que cada vez que é reprovado, vive mais. “Não nasce outro Azulão igual ao Azulão de Caruaru”, expressa Azulinho.
“Quem é Azulinho?”

Como legado e parte da lembrança de toda sua trajetória, Azulão lança Azulinho. Alexandre Lima, filho de dona Maria José da Silva e Francisco Bezerra de Lima, é pai de três filhos, cantor e compositor, conhecido como Azulinho, filho de Azulão. Foi backing vocal da banda de seu pai, além de montar a parte musical. “Num 23 de junho, meu pai disse: ‘Eu queria chamar agora, [...] o filho de dona Azuloa para vocês, Azulinho", diz Alexandre ao mencionar a origem do seu apelido dado pelo seu pai.
Para ele, sua importância na música é transmitir uma boa mensagem, passar sua verdade. Apesar de tocar instrumentos regionalizados, o artista diz que não se limita a estilos e que gosta de desafios. Ele afirma que seu pai sempre foi um incentivador. Mesmo quando Azulinho montou uma banda de pagode e esperava uma reação negativa do seu pai, recebeu a resposta: “É bom. Pagode é bom", conta Azulinho.
Seu primeiro contato com a música foi com a sua primeira banda de pagode, formada com um grupo de amigos nos anos 2000. Com o passar do tempo, entrou na banda de forró estilizado, “Nega Buliçosa", e, em 2010, lançou o álbum Azulinho, filho de Azulão. Em 2014, lançou outro disco e ganhou o prêmio da Música Pernambucana como Melhor CD de Forró. Em 2021, Azulinho lança a música Emanuela, com foco no piseiro. Ele explica que não teve dificuldades por ter participado de uma banda de forró estilizado. “Casa bem com o forró tradicional e casa bem com o forró estilizado”, comenta. O artista diz que recebeu algumas críticas pela mudança. “Importante é não deixar nada atrapalhar o foco, fazer o que tem vontade de fazer".
Azulinho frisa que se vê fazendo sucesso em todo o Brasil. Assim como qualquer outro profissional se enxerga fazendo sucesso. Menciona que sempre teve inspirações dentro de casa por causa das músicas que ouvia e também dos conselhos de seu pai e seus amigos. “Insista, persista, se profissionalize, procure pessoas que somem com você para que seu trabalho flua". E é isso que Azulinho busca em sua trajetória que é carregada do legado deixado por seu pai.da época. Recentemente gravou seis músicas no estilo piseiro e, inspirado em seu pai, —que, em 1992, lançou um álbum de rock— também procura inovar com outros estilos. Além de Azulão, outros artistas como Mestrezinho e Os Três do Nordeste, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Jacinto Silva tiveram influências nas suas composições.
“Eu gosto de cantar. Então, se me dá vontade de cantar, eu vou lá e gravo"
Em 2021, Azulinho lança a música Emanuela, com foco no piseiro. Ele explica
que não teve dificuldades por ter participado de uma banda de forró estilizado. “Casa
bem com o forró tradicional e casa bem com o forró estilizado”, comenta. O artista diz
que recebeu algumas críticas pela mudança. “Importante é não deixar nada atrapalhar o
foco, fazer o que tem vontade de fazer''
Azulinho frisa que se vê fazendo sucesso em todo o Brasil. Assim como
qualquer outro profissional se enxerga fazendo sucesso. Menciona que sempre teve
inspirações dentro de casa por causa das músicas que ouvia e também dos conselhos de
seu pai e seus amigos. “Insista, persista, se profissionalize, procure pessoas que somem
com você para que seu trabalho flua". E é isso que Azulinho busca em sua trajetória que
é carregada do legado deixado por seu pai.
Por: Vitória Régia, Hawana Jennefer, Maria Eduarda, Ramona Ferreira e Tâmilly Suellen
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